22/05/2012

DEBATE EM PALAVRAS

Assunção Cristas: uma mulher de fibra


Hoje o Clube dos Pensadores atingiu um patamar muito elevado na sua atividade cívica com o debate que Joaquim Jorge moderou com a Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas, Professora universitária Doutorada em Direito. Confesso que nutria uma admiração por esta mulher inteligente e decidida desde que se mostrou em grande plano num célebre programa Prós e Contras e nas suas eloquentes e escorreitas intervenções como Deputada na anterior legislatura em debates intensos com Sócrates e seus ministros. Mais fiquei a admirar ter aceitado não um, mas 3 ministérios complexos, num campo fértil para trucidar qualquer Ministro e a sua postura até ao momento em diversas ocasiões.
Paulo Portas está de parabéns por ter corrido um enorme risco ao convidar uma jovem, embora muito bem preparada academicamente, para tão árdua tarefa. Penso que ganhou a parada. De fato, já o minucioso e bem elaborado resumo cuidadosamente preparado por Joaquim Jorge ajudava a explicar o sucesso desta bonita mulher.
Com efeito, Assunção Cristas dissertou sem ajuda de papéis o que o seu ministério fez neste quase ano de governação com uma lógica meridiana e cartesiana articulação entre tão diferentes, mas próximas áreas, como a agricultura, o mar, o ambiente e o ordenamento do território.
Todos sabemos que a ministra não é uma técnica do setor. Mas não há ninguém que seja um especialista ao mesmo tempo nestas quatro áreas. Pois bem, Assunção Cristas esteve à vontade e com grande segurança em todas elas e não teve o menor receio de dizer exatamente isso, que não é uma técnica nessas áreas, mas sabe decidir, depois de ouvir quem sabe. Mas também dá o seu precioso contributo técnico, pois há muita legislação complexa na área do direito privado, sua especialidade, a preparar.
Depois respondeu a várias questões de Joaquim Jorge e dos participantes que encheram a sala do Hotel Holliday Inn de Gaia, sempre com segurança e clareza. O setor das águas não será privatizado, mas concessionado por faixas territoriais, permitindo que empresas portuguesas se posicionem, o que é bem diferente da privatização, dado o seu peso estratégico. Já o setor dos resíduos será privatizado. O processo está em curso com o objetivo de ganhar em eficácia, permitir o investimento necessário na substituição das velhas redes de abastecimento ineficientes e aumentar a eficiência do setor dos resíduos, que lidam cada vez mais com recursos.
Está atenta ao setor agrícola, onde pretende ver mais jovens e conferir dignidade a quem escolha o campo para viver e produzir. A floresta também é um dos setores de grande importância para a economia nacional que terá ações concretas para aumentar o seu peso no PIB. As pescas precisam de qualificação e capacitação dos seus agentes e reconversão e modernização da frota. Diversos instrumentos legais importantes, como o da avaliação dos impactos ambientais, entre outros, serão apresentados em breve. Na sua ação prefere a discussão e participação pública, razão porque, pese embora poder fazer aprovar os instrumentos legais em Conselho de Ministros, envia-os para o Parlamento, potenciando a discussão pública.
Depois de terminado o debate não fugiu a questões que lhe quiseram colocar, sempre com uma postura de elevado nível e com paciência para não deixar ninguém sem uma palavra, nem que fosse de conforto (normais queixas que as pessoas fazem a governantes sempre que possível).
Certamente que não será por esta Ministra que o Governo falhará. Ela sabe o que quer, como fazer e que caminho a tomar. Joaquim Jorge, mais uma vez está de parabéns pelo seu “instinct killer” de identificar o melhor convidado(a) para cada momento. Uma noite que valeu a pena.

Mário Russo 

*escrito ao abrigo do novo AO