Miguel Mota |
Remando contra a maré, pois se
estava no período de destruição da investigação agronómica do Ministério da
Agricultura, um pequeno grupo de jovens investigadores, liderados por Pedro
Reis e Paula Coelho, decidiu comemorar esse aniversário com dois livros, o
primeiro com relato dos trabalhos realizados pelos diferentes departamentos e o
segundo com uma breve história da Estação e com as biografias de um certo
número do que designaram “Investigadores de Referência da EAN. Biografias”. O
primeiro livro, “Agrorrural. Contributos científicos”, foi editado em 2012 e o
segundo “História e Memórias da Estação Agronómica Nacional. 75 anos de
Actividade”, apresentado em 20 de Março de 2013.
São duas obras que considero
importantes porque temos ali um relato do que foi feito nessa instituição, que
foi o primeiro grande laboratório de investigação científica do estado
português, tão bem delineado e posto em execução que serviu de modelo a todos
os que, noutros sectores, se lhe seguiram. O primeiro dos quais, nascido dez anos
mais tarde, foi o prestigiado Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que
também tanto deu ao país e que hoje é uma sombra do que foi.
Estes dois volumes, editados pela
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, seguiram-se ao que foi editado no 50º aniversário,
modestamente impresso nas velhas máquinas de off set da instituição, já nessa
altura a sofrer destruição e em grande penúria financeira. Tem, no entanto, a
vantagem de ter a lista completa de todas as publicações científicas do
organismo até essa data (1986).
Além das acções de destruição dos
seus organismos, a investigação agronómica tem sido objecto, aos longo das
últimas décadas, de intensas acções a denegri-la e a tentar ignorar o que foi
feito e o muito que deu ao país, da parte de entidades e de instituições com
grandes responsabilidades. Por isso é importante que estes volumes sejam
divulgados, para que os portugueses tenham uma boa ideia do contraste entre o
antes e o agora e conheçam melhor as razões e os responsáveis de o país estar
como está.
Em Elvas existe um outro
importante organismo de investigação agronómica, desde que, em 1942, foi criada
a Estação de Melhoramento de Plantas, hoje oficialmente extinta e com outro
nome. Tive a honra e o prazer de ali trabalhar durante uma meia dúzia de anos,
há muito tempo. Bem gostaria que, entre os investigadores que lá estão,
houvesse quem quisesse levar a cabo uma tarefa semelhante e editasse um livro
comemorativo dos 70 anos que se completaram em 2012. Creio que a Câmara
Municipal não deixaria de apoiar essa publicação, pois foi a Estação de
Melhoramento de Plantas que pôs Elvas no roteiro da ciência, como se prova com
os vários cientistas estrangeiros que a visitaram, um deles laureado com o
Prémio Nobel.