30/03/2013

Dois livros importantes

Miguel Mota
          Em 16 de Novembro de 2011, a Estação Agronómica Nacional, então já oficialmente extinta, completou 75 anos de vida.

Remando contra a maré, pois se estava no período de destruição da investigação agronómica do Ministério da Agricultura, um pequeno grupo de jovens investigadores, liderados por Pedro Reis e Paula Coelho, decidiu comemorar esse aniversário com dois livros, o primeiro com relato dos trabalhos realizados pelos diferentes departamentos e o segundo com uma breve história da Estação e com as biografias de um certo número do que designaram “Investigadores de Referência da EAN. Biografias”. O primeiro livro, “Agrorrural. Contributos científicos”, foi editado em 2012 e o segundo “História e Memórias da Estação Agronómica Nacional. 75 anos de Actividade”, apresentado em 20 de Março de 2013.

São duas obras que considero importantes porque temos ali um relato do que foi feito nessa instituição, que foi o primeiro grande laboratório de investigação científica do estado português, tão bem delineado e posto em execução que serviu de modelo a todos os que, noutros sectores, se lhe seguiram. O primeiro dos quais, nascido dez anos mais tarde, foi o prestigiado Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que também tanto deu ao país e que hoje é uma sombra do que foi.

Estes dois volumes, editados pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda, seguiram-se ao que foi editado no 50º aniversário, modestamente impresso nas velhas máquinas de off set da instituição, já nessa altura a sofrer destruição e em grande penúria financeira. Tem, no entanto, a vantagem de ter a lista completa de todas as publicações científicas do organismo até essa data (1986).

Além das acções de destruição dos seus organismos, a investigação agronómica tem sido objecto, aos longo das últimas décadas, de intensas acções a denegri-la e a tentar ignorar o que foi feito e o muito que deu ao país, da parte de entidades e de instituições com grandes responsabilidades. Por isso é importante que estes volumes sejam divulgados, para que os portugueses tenham uma boa ideia do contraste entre o antes e o agora e conheçam melhor as razões e os responsáveis de o país estar como está.

Em Elvas existe um outro importante organismo de investigação agronómica, desde que, em 1942, foi criada a Estação de Melhoramento de Plantas, hoje oficialmente extinta e com outro nome. Tive a honra e o prazer de ali trabalhar durante uma meia dúzia de anos, há muito tempo. Bem gostaria que, entre os investigadores que lá estão, houvesse quem quisesse levar a cabo uma tarefa semelhante e editasse um livro comemorativo dos 70 anos que se completaram em 2012. Creio que a Câmara Municipal não deixaria de apoiar essa publicação, pois foi a Estação de Melhoramento de Plantas que pôs Elvas no roteiro da ciência, como se prova com os vários cientistas estrangeiros que a visitaram, um deles laureado com o Prémio Nobel.