09/08/2013

O milho

Miguel Mota
 
Mais uma prova das grandes potencialidades da agricultura portuguesa é a recente notícia sobre o grande aumento da produção de milho na zona do Alqueva. Há várias décadas, um dos artigos que publiquei com o ante título “Tesouros ocultos” referia-se ao milho, quando era muito escassa a utilização dos milhos híbridos, que apenas ocupava 1% da área com essa cultura. A produção unitária de milho nessa pequena parte da área total era muito mais alta que na restante, tornando a cultura mais económica.
Embora eu esteja hoje bastante longe desses problemas e talvez seja desnecessário o que vou dizer, permitam-me algumas considerações sobre a cultura do milho. Há muitos anos ouvi um dito que penso merecer atenção. Dizia que a melhor economia em relação ao milho era vendê-lo em sacos de couro. Queriam dizer que, em vez de esperar pela maturação do grão, era melhor colhe-lo no óptimo do seu valor nutricional e armazena-lo em silos, para alimento de animais, nomeadamente bovinos, que muito apreciam esse tipo de silagem.

É necessário não esquecer que as altas produções agora obtidas – chegam às 20t/ha – exigem elevados níveis de fertilização do solo, em que é importantíssima a matéria orgânica. Aliás, como se sabe, uma exploração agrícola equilibrada deve ter,além da produção vegetal, uma boa produção pecuária. Portanto, uma rotação, em que o milho alterne com pastagens ou forragens para corte, em que entrem leguminosas, permite alimentar os animais e manter ou melhorar o nível de fertilidade do solo.

Os estrumes produzidos abundantemente por bovinos leiteiros ou para carne devem ser utilizados na produção de biogás (que em nada reduz o seu valor fertilizante),uma forma de energia que Portugal tem soberanamente ignorado, que bem poderia poupar importações e para a qual já várias vezes chamei a atenção.Casos pontuais, como este e variados outros, mostram bem o que poderia ser a agricultura portuguesa e a muito maior diferença que causaria nas nossas pobres economia e finanças.