14/03/2014

Dia Mundial do Sono



  No dia Mundial do Sono li este texto de Maria Antónia Frasquilho, que tomei a liberdade de partilhar convosco.

Perturbações do sono

 
Passamos 1 terço da nossa vida a dormir e tal é essencial à sobrevivência.
O sono é fundamental para a reparação de todas as funções físicas. Um sono bem dormido é a chave para uma boa saúde mental e social, e, claro, para o êxito no trabalho e estudo.
Embora todos passemos por uma ou outra noite mal dormida os estudos dizem-nos que mais de metade da população sofre de problemas do sono e que a grande maioria não procura soluções adequadas para esta situação .
As insónias são as perturbações melhor conhecidas mas as doenças do sono não se ficam por aqui. Vejamos o que existe:
A) DISSÓNIAS- anomalias na quantidade, qualidade ou horário do sono. Aqui temos as INSÓNIAS (dormir pouco); a HIPERSÓNIA (dormir demais - narcolepsia e catalepsia); o SONO NÃO REPOUSANTE e; a ALTERAÇÃO DO CICLO SONO-VIGILIA (ou seja dormir de dia e despertar á noite, ou a alteração nas fases do sono)
 B) PARASSÓNIAS- alterações fisiológicas ou comportamentais associadas ao sono ( Pesadelos e Terrores Noturnos, Sonambulismo, Pernas Inquietas, Apneia do sono, Urinar na cama, Paralisia do sono, Sonilóquio -falar a dormir, etc)
Estas alterações do sono podem ser primárias (sem razão externa) ou secundárias a estilos de vida ou outras doenças físicas.
Sabe-se que os doentes cardíacos podem ter dificuldades respiratórias ou outras quando deitados e tal conduzir a sono sem qualidade. As pessoas com diabetes podem ter suores nocturnos e necessidade de urinar durante a noite o que pode perturbar o sono. Algumas pessoas com perturbações alimentares podem sentir um desejo imperioso de se alimentarem de noite acordando para comer. As doenças renais levam a acumulação de líquidos no organismo que compelem as pessoas a acordar para urinar. As mulheres na menopausa têm por vezes dificuldade em adormecer e acordam intermitentemente sentindo-se invulgarmente fatigadas. As dores reumatismais são outra ameaça ao sono repousante. O mesmo para as doenças respiratórias e o excessivo funcionamento da glândula tiróide. Muitas doenças neurológicas incluindo a epilepsia e a doença de Parkinson aumentam as probabilidades de sofrer de perturbações do sono. As doenças psiquiátricas (ansiedade, stress, depressão, psicoses ) são as grandes inimigas dum sono reparador.
Quanto ao estilo de vida é óbvio que o consumo de estimulantes (café, chá, coca-cola , guaraná, nicotina, certas especiarias e alimentos) inibem o conciliar do sono. Alguns medicamentos usados para tratar diversas doenças têm como efeitos secundários perturbações do sono (os anti-arrítmicos, os anti-histamínicos, os bloqueadores beta, os corticósteroides , os diuréticos entre outros). Certos medicamentos usados com intenção de induzir o sono (alguns hipnóticos e calmantes) são susceptíveis , se usados inadequadamente, de vir a prejudicar o que antes se pretendia tratar. O álcool às vezes parece que ajuda a adormecer, mas está provado que prejudica a qualidade do sono
Um dos piores entraves a um sono bem dormido é a ruptura de hábitos e rotinas do dormir. Embora as necessidades de sono variem de pessoa para pessoa e conforme a idade muitos indivíduos desaprenderam de dormir. Não têm horas para deitar, passam deliberadamente noites em branco, decidem que a melhor hora para estudar ou trabalhar é à noite e progressivamente vão rompendo os padrões saudáveis do sono.
Infelizmente algumas pessoas têm de laborar por turnos ou só durante a noite. Isto configura um grave ataque à saúde do sono e como tal é um risco geral para a saúde destes trabalhadores.
Para os adultos saudáveis admite-se uma variação da necessidade de dormir entre 6h a 9h. As crianças necessitam de mais horas de sono (entre 9h a 14 h) e os maiores de 65 anos precisam de menos (cerca de 4h a 8h).
É um absurdo, mas vêem-se crianças e adolescentes a porém de lado a necessidade de dormir que lhes é essencial para um bom desempenho escolar e idosos a exigirem medicação que os ponha a dormir muito mais horas do que é apropriado.

* fonte
Maria Antónia Frasquilho
Psiquiatra. Clínica do sono, AlterStatus